Como escolher a melhor madeira para cada mobiliário

Existe uma grande quantidade de tipos de madeira disponível no mercado, o que pode dificultar a escolha da espécie adequada para cada uso e necessidade. Pensando nisso, elaboramos esse material que explica as diferenças e formas de classificações da madeira, além de como isso implica na resistência e estética do material.

Por ser um produto orgânico derivado de plantas lenhosas, a madeira apresenta grande diversidade de características e fatores específicos, sendo difícil o estabelecimento de classificações genéricas, porém existem algumas diferenciações mais usuais:

Quanto ao ciclo, que significa quanto tempo é necessário esperar após o plantio para fazer os primeiros cortes, este pode ser curto, médio ou longo, geralmente madeiras de ciclo curto são as utilizadas em reflorestamento e possui um custo menor, porém também apresentam de modo geral menor resistência e densidade, já as madeiras de ciclo mais longo tendem a ser mais resistentes e densas.

Outro fator a ser considerado é a densidade. Essa propriedade diz respeito ao peso da madeira (para essa medição considera-se a umidade da madeira em 12%) relacionado à área e pode ser baixa (menor que 0,550 g/cm³), média (entre 0,550 e 0,720 g/cm³) ou alta (acima de 0,720 g/cm³). Na maioria dos casos, quanto mais densa a madeira, maior será sua resistência.

A madeira também pode ser classificada de acordo com sua dureza, indo de baixa (menor de 364 kgf/cm²), média (de 364 a 802 kgf/cm²) e alta (acima de 802 kgf/cm²). A dureza também é, normalmente, proporcional à capacidade de resistência a fatores do ambiente (umidade, sol, chuvas) e biológicos (insetos, fungos) e a da própria madeira.

Além destas características, a umidade influencia muito na qualidade do material em questão, pois madeiras que ainda não estão devidamente secas tendem a apresentar maiores defeitos pois acabam sofrendo maiores variações com o tempo, correndo sérios riscos de empenar e/ou rachar ao tentar expelir o excesso de água. A umidade ideal, portanto, é de 10 a 12%.

Ao escolher a madeira para um produto, portanto, é importante levar em consideração todos esses aspectos, aplicando-os às necessidades do projeto, pois existem muitos fatores externos que influenciam na durabilidade da madeira. Quando aplicada em objetos exteriores, por exemplo, a madeira estará exposta às intempéries, se fazendo necessária a utilização de madeiras mais nobres. Madeiras de reflorestamento, mesmo que tratadas (por exemplo Pinus autoclavado), apesar de apresentarem uma melhoria de desempenho em relação às sem tratamento, podem não garantir a durabilidade e resistência necessárias para esse tipo de ambiente.

 

Nós da De Lazzari trabalhamos somente com madeiras tropicais nobres e de lei e utilizamos duas espécies, o Jatobá e o Jequitibá, dependendo do tipo de móvel e seu uso.

O Jatobá (Hymenaea spp) é uma madeira brasileira que pode ser encontrada em quase todas as matas nativas, possui excelente resistência, durabilidade e acabamento. Exportada para o mundo inteiro, é referência na utilização em mobiliário urbano de alta qualidade pelo fato de possuir uma alta densidade (em torno de 0,960 g/cm³). Essa propriedade faz com que o material sofra o mínimo de variação possível, minimizando rachaduras e empenamentos, mesmo exposto constantemente às variações de temperatura, sol intenso e umidade, e resistindo bem a grandes cargas e danos causados pelo uso intenso.

Poltrona Adirondaque, confeccionada em madeira jatobá

 

Para móveis que ficarão no interior, não há necessidade de utilizar uma madeira tão densa pois ela estará protegida das intempéries e isso permite a criação de produtos mais leves porém tão duráveis quanto. Por esse motivo, em nossa linha de casa e jardim, a Mineral, aplicamos o Jequitibá-rosa (Cariniana legalis), árvore emergente brasileira com densidade moderada de 0,65 g/cm³ e excelente resistência.

 

Banco Stevie todo em madeira Jequitibá

 

Além do cuidado na escolha do tipo de madeira, também é importante estar atento ao acabamento a ser utilizado, pois existem diversas opções no mercado com diferenças de refinamento e resistência.

Vernizes criam uma camada protetora a qual tapa os poros da madeira e podem ter proteção contra raios UV, enquanto o Stain é um impregnante, o que significa que ele penetra na madeira e deixa os poros desta abertos, alterando a cor natural do material. Já óleos e ceras exigem uma reaplicação muito recorrente, mas são uma alternativa para objetos de cozinha, pois são naturais e por isso não são tóxicos como os dois primeiros. As ceras não protegem a madeira sozinhas precisando sempre serem utilizadas juntamente com óleos.

Em nossa empresa optamos pelo uso de vernizes pois formam uma película flexível nas superfícies do produto, capaz de acompanhar os movimentos naturais da madeira. Na linha de mobiliário urbano com madeira Jatobá, aplicamos o verniz acetinado Cetol com proteção UV. Já na linha casa e jardim com madeira Jequitibá, é utilizado o verniz PU.

 

Por se tratar de um material natural, é impossível falar em madeira sem levar em conta a questão ambiental, tão importante na atualidade. Por esse motivo, existem técnicas de exploração de impacto reduzido, sendo uma delas o manejo florestal, que tem como premissa a utilização racional e ambientalmente adequada dos recursos desse bioma.

O manejo é, portanto, uma atividade econômica oposta ao desmatamento, pois não há remoção total da vegetação e, mesmo após o uso, o local manterá sua estrutura florestal. O manejo bem feito segue três princípios fundamentais: deve ser ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo. O princípio desse processo é extrair produtos da floresta de maneira que os impactos gerados sejam mínimos, possibilitando a manutenção da estrutura florestal e sua recuperação, por meio do estoque de plantas remanescentes. Diversificar a produção é um dos princípios mais importantes para o uso sustentável dos recursos florestais.

Levando todos os aspectos ambientais e sociais em consideração, a De Lazzari utiliza apenas madeiras provenientes do manejo florestal e certificadas pelo IBAMA.

 

Os bancos da linha Seno possuem uma casca externa de concreto e assento e fechamento frontal em réguas de madeira Jatobá.

Contraste evidente entre a madeira Jatobá, presente na poltrona Graveto (propicia para exterior), e a madeira Jequitibá que compõe os tampos das mesas Paleta (apenas para ambientes internos).

Banqueta Magma com assento em madeira Jequitibá e estrutura em ferro redondo.